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Conheça a história de Antônia Maya

Por Beatriz Figueiredo

Aos 20 anos, Antônia Maya Bosco tem uma trajetória marcada por desafios que começaram ainda na infância. Uma mulher negra, nascida com nanismo e que passou parte significativa da vida em um abrigo de acolhimento. Hoje, estudante de Direito e atleta paralímpica, Antônia relembra como enfrentou essas dificuldades e seguiu em frente.

Antônia e seu irmão mais velho foram levados a um abrigo quando ela tinha cerca de 4 anos: “Os nossos genitores, eles não conseguiram cuidar da gente. Mas sou grata por isso também, porque eles deixaram a gente ir para um lugar melhor, onde pudéssemos ter todo um cuidado pelo fato de sermos crianças.” Naquela época, seu maior medo era a possibilidade de ser separada do irmão, seu principal apoio emocional. "Era nossa única família ali, era só eu e ele, ele e eu, né"

A separação de fato aconteceu alguns anos depois, quando ambos foram adotados por famílias diferentes, mas isso não mudou nada na relação de ambos. "Foi difícil, mas sabíamos que era o melhor a ser feito. Cada um foi para uma família, e, felizmente, tivemos boas experiências" diz a paratleta.

Apesar de ter encontrado uma família, Antônia enfrentou momentos de rejeição e preconceito por conta de sua condição. "Em uma das casas, eles tentavam disfarçar, mas eu sabia que não me viam como parte daquela família devido ao meu nanismo. Não era explícito, mas estava ali, e principalmente quando se privavam de fazer as coisas pela desculpa ‘Não dá, Antônia está aqui, ela não consegue.’ E isso me incomodou, porque eu não me sinto tipo diferente, eu só não cresci. Mas mesmo assim eu consigo me virar bem e fazer as coisas", relembra Antônia.

Somente quando chegou à casa de sua mãe adotiva atual, que Antônia encontrou um ambiente onde se sentiu verdadeiramente acolhida. "Na primeira visita, eu já me senti em casa. Desde então, nunca mais voltei ao abrigo.”

Além dos estudos — cursa atualmente o segundo ano de Direito e faz estágio na área de mediação — Antônia encontrou no esporte uma forma de seguir em frente. Apaixonada por natação, começou a treinar em 2014 e não parou mais. "Sempre gostei de nadar, e quando comecei a treinar, aquilo me deu um senso de propósito. Recentemente, conquistei o primeiro lugar em uma prova de 1 km, e isso foi uma vitória muito grande para mim."

"Eu poderia ter seguido outro caminho, por conta do meu passado. Mas preferi focar no que eu posso fazer com o que tenho, porque no fim, isso é só uma coisa que aconteceu ali no meu passado", finaliza Maya.